Caminõ de Santiago - Etapa 4 de 14/08/2017 à Etapa 6 - 16/08/2017

4°Etapa 14 Ago 2017

Voltámos à rotina com alvorada às 5h30. Hoje tínhamos pela frente uma etapa de 32km, mas ainda teríamos de caminhar uns 2km para irmos ao encontro do caminho. 
Saímos pouco passava das 6h e aproveitámos a manhã para andar o máximo possível. 
Assim que saímos da cidade de Coimbra começamo-nos a cruzar com muitos peregrinos que iam para Fátima. Inicialmente passamos pelos típicos grupos portugueses, que apenas levavam uma pequena mochila, o colete refletor e uns chinelos de quarto, mas depois começaram a surgir uns grupos um pouco fora do normal. Estavam divididos em pequenos grupos ao longo de alguns kilometros e julgámos serem apenas um grupo. Muitas vezes vinha,por exemplo, um casal ainda jovem e traziam sempre 3 ou 4 crianças com idades entre os 5 e os 12 anos, todos a pé e geralmente sem grande carga. As suas roupas eram super tradicionais. As mulheres e as meninas só usavam saias, uma camisa tradicional e uma trança bonita. Os homens um pouco mais descontraídos mas também com um estilo tradicional, ao ponto de um deles trazer pela mão um burro para efeitos de carga. Das poucas palavras que lhes ouvíamos percebemos que falavam francês. Entre eles vinham também muitos jovens padres que tinham uma batina toda preta e por norma vinham a rezar. 

Mais à frente enquanto comíamos o lanche da manhã metemos conversa com uma senhora que passava e ela disse também achar peculiar. Nunca tinha visto crianças tão pequenas a passar por lá a pé e achou super engraçado o homem que levava o burro.
Passava pouco do meio dia quando chegamos à Mealhada, onde tínhamos previsto almoçar. 



Compramos algumas coisas no Lidl, onde eu já tinha trabalhado enquanto estagiário na empresa Ruifer Lda,  relembrei esses tempos. 

Seguimos caminho e sem dificuldades chegamos a Anadia, o destino final desta etapa. Sem local de pernoita definido procuramos de imediato o quartel dos bombeiros, que não nos pode albergar por estarem em obras, mas redirecionaram-nos para um colégio de freiras, que para nós serve como Albergue de donativos. 

Já com banho tomado e estômago aconchegado fomos beber um copo com a nossa amiga Ana "bigodites" , do Ílhavo, que para nossa surpresa trouxe uma chouriça para assarmos. E foi o que fizemos, numa esplanada enquanto bebíamos uma cerveja. 






5°Etapa 15 Ago 2017


Acordámos por volta das 6h30 e já os dois casais que também estavam no Albergue tinham acordado e estavam prontos para partir. Nós saímos de Anadia com destino a Albergaria a velha, tal como eles, mas ninguém esperou por ninguém. A manhã dava-nos um céu nebuloso, que não era nada problemático, até pelo contrário. 

A meio dessa manhã, quando passávamos numa zona industrial fomos abordados por um senhor que vinha de dentro de uma fábrica e nos disse para esperar. Voltou para dentro e apareceu-nos com um saco que continha duas maçãs e uma garrafa de água para cada um. Ficámos surpresos, mas agradecemos muito, e aproveitámos a paragem para conversar um pouco com o senhor que nos mostrou a sua fábrica, escritório e algumas pequenas coisas que os peregrinos lhe foram oferecendo ao longo dos anos, depois de receberem aquela pequena merenda. 



Seguímos o percurso até Águeda, local previsto para almoço, mas antes disso aproveitámos para uma pequena visita turística e a clássica fotografia com os chapéus de chuva que tanto caracterizam esta cidade.



Durante o almoço surgiu-nos um convite. Convite esse que nos obrigaria a alterar o caminho saindo de rota e aumentando-o. Ponderámos bem e decidimos aceitar. Redefinimos a etapa e o nosso destino seria agora Canelas, uma pequena aldeia. Esta alteração de etapa faria-nos caminhar 40km no dia de hoje. 

Quando faltavam apenas 5km para Canelas decidimos parar num café, porque a jornada já ía longa e havíamos atravessado pinhais infinitos. Parámos na primeira taberna que havia. 

Apenas tinha 3 clientes e o taberneiro. Como estávamos fora de rota as pessoas não tinham conhecimento dos Caminhos de Santiago, o que nos fez rapidamente o centro das atenções. Os outros clientes gostaram de nós ao ponto de nos pagarem algumas cervejas. 

O ambiente estava ótimo, mas tínhamos uma etapa para terminar. Rapidamente chegámos a Canelas, onde para nossa surpresa havia festa. Juntámo-nos logo às pessoas e depressa fizémos amigos. Perguntámos-lhes pelo padre para nos tentar albergar, mas infelizmente estava de férias. Como alternativa pedímos indicações para o parque de merendas, mas nem estávamos muito preocupados com a dormida.

Conhecemos algumas pessoas de lá que nos trataram muito bem e quiseram conhecer um pouco melhor o que estávamos a fazer. Já com mais à vontade retiramos das mochilas umas maçarocas que havíamos colhido no caminho e que pedimos gentilmente para as assar na brasa. Quandos as viram perguntaram-nos em tom de brincadeira se queríamos partir os dentes. Estavam demasiado secas, teriam de ser mais verdes. Rapidamente um jovem da terra perguntou aos homens onde ainda havia milho verde e fomos todos ao campo buscar maçarocas para assar.



Chegou a hora de partir e procurar o local de dormida. Despedimo-nos de todos os que havíamos conhecido e algumas pessoas ficaram algo emocionadas.





Procurámos um parque de merendas, mas achámos o parque infantil mais seguro por ter uma mini vedação e dormimos debaixo do escorrega. 



6°Etapa 16 Ago 2017

Acordámos com o despertador às 5h30 e com os pés molhados. Os expressores que regavam a relva eram demasiado fortes e lançavam-nos água para cima. Ainda assim tivémos muita sorte porque o resto do parque estava completamente molhado e nós estávamos protegidos pelo escorrega. Além disso estava imenso frio.
Para pequeno almoço tínhamos umas sandes de porco que nos tinham oferecido na festa e que tivémos de comer dentro do saco de cama, a tremer de frio.
Depressa nos aprontámos e nos fizémos ao caminho. Tínhamos apenas 30 km para fazer até ao destino que era o parque do Buçaquinho.

Fomos convidados a participar num projeto dos nossos amigos escuteiros do Núcleo de Terras de Santa Maria, Região do Porto, que se chama "Crianças ao Rubro", e que consiste em nós,  escuteiros, preparar-mos uma atividade escutista para jovens de instituições.

Com a vontade de chegar fizémos 25km de manhã e o restante logo a seguir ao almoço. Ainda não eram 16h quando chegámos ao parque no Buçaquinho. As crianças ainda não estavam em campo, de modo que nos juntámos à equipa nas montagens. Pelas 21h as crianças chegaram e deu-se início a atividade. Dividiram-se os jovens em patrulhas e explicámos tudo à  cerca de uma atividade de escuteiros. Eles pareciam motivados e entusiasmados. Eu e o JP estávamos de rastos. Assim que nos deitámos foi tiro e queda. Dormimos descansados porque decidimos antecipar o nosso dia de descanso e ficámos a participar na atividade. 

André Sousa!


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